BÁTEGA /2026
Maio de 2026, Praia da Adiça ● portal de recursos
BÁTEGA é um espetáculo de teatro apresentado no mar. Explora a relação ancestral entre o oceano e a nossa melancolia, individual e coletiva, amplamente associada à cor azul. Em cena, personificação da humanidade inteira e triste, uma companhia de palhaços tenta uma vida normal.
BÁTEGA pertence à Trilogia Azul, uma série de espetáculos com o mar, o céu e o horizonte como ponto de partida. Será, por um lado, um jogo com a impossibilidade de se construir um espetáculo no oceano e, por outro, um tratado da cegueira humana perante o dilúvio.
Uma criação de Sílvio Vieira, em colaboração com Daniela Leitão e Rafael dos Santos.
direção artística e de projeto Sílvio Vieira
direção de produção Daniela Leitão
cenografia e desenho de capa Rafael dos Santos
produção outro
apoios Fundação GDA, República Portuguesa | Cultura
agradecimentos Tânia Guerreiro
Rafael dos Santos, Onda 1, pastel seco, lápis de cor e incisões sobre papel de arroz, 21 x 29,7 cm, 2025
Faz sentido salientar, primeiramente, dois elementos do projeto anterior — ZÉNITE, coprodução com o Teatro Nacional D. Maria II — que ficam para a posteridade e que são estruturantes para BÁTEGA:
O Teatro Zénite, uma plateia móvel de 35 blocos de cimento construída no âmbito de ZÉNITE (2024), a partir do entulho das obras do TNDMII, e que pretendemos deslocar até à costa atlântica em 2025, parcial ou totalmente, para a realização de BÁTEGA. Permanece fortemente simbólica a ideia de trazer às costas um Teatro de cimento.
O questionário Perguntas para o teatro mais inexperiente do mundo, ao qual responderam mais de 300 pessoas de todo o território nacional, com hábitos culturais e desejos para um teatro do futuro, e cujo tratamento informa alguns dos aspetos mais relevantes deste projeto.
Foi a partir destes elementos, e seguindo um desejo que tem orientado a atividade da estrutura — o de desafiar o modelo convencional de criação e apresentação de espetáculos —, que surgiu BÁTEGA, um espetáculo que tem o oceano como palco (literal) da ação teatral.
BÁTEGA será, por um lado, um jogo com a dificuldade de se construir um espetáculo no oceano e, por outro, um tratado da cegueira humana perante o dilúvio. Concretamente, juntando à dificuldade prevista de fazer um espetáculo no mar a sua ligação com a tristeza e a melancolia, interessa-nos beber da linguagem do circo e do teatro mudo, trazendo ao espetáculo um vocabulário absurdo.
GÉNESE
É impossível separar a criação dos nossos espetáculos da produção criativa que os sustenta. Criar para o exterior, aprendemos, é encorajar a transformação que o espaço traz a todos os domínios do fazer teatral. Não pretendemos trazer o interior de um teatro para o exterior. Devemos, antes, e como escreve Jazmín Beirak, “tirar a cultura dos seus lugares habituais”. Perseguimos ideias experimentais e diferenciadoras, por acreditarmos que abrem espaço à investigação e inovação para um outro teatro, nos domínios da estética/linguagem, método e possibilidade.
Do questionário feito no âmbito de ZÉNITE¹, ao qual responderam 300 pessoas de todo o país, retirámos três valiosas conclusões que assumimos como baluartes para o projeto BÁTEGA.
A maioria dos participantes:
Destaca a importância de um teatro experimental, inovador, sustentável e acessível.
Considera que o teatro não deve ser apenas um recinto para espetáculos, mas um espaço vivo dentro da comunidade.
Vê no teatro um lugar de reflexão e transformação social, mais do que de entretenimento.
¹ uma análise mais profunda das respostas a este questionário fará parte de uma edição impressa com diversos materiais da trilogia ARENA-EQUADOR-ZÉNITE.